P.O.V
Juno
–
Você tem certeza disso, John? – perguntei pela segunda vez, enquanto John e eu
voávamos por cima de Nova York.
–
Sim, Juno. Martise veio me avisar que o Pai está convocando arcanjos, anjos,
ninfas e sereias. Mas também convocou seres obscuros, de Lúcifer. Demônios,
vampiros, lobisomens e outros monstros. – John revirou os olhos. – Nós fomos
convocados, aliás, como você é da mesma raça que eu, arcanjo guerreiro, um dos
mais raros. É obrigada a ir.
–
Tudo bem. – desisti – Você sabe quando vai ser isso? E quem vai?
–
Vai ser amanhã, eu vou com você. Eu só sei que a Madison vai.
–
A Jokk? – perguntei fazendo uma careta. Agora pousávamos em cima de um prédio,
cheio de gárgulas como enfeite.
–
Sim.
–
Não gosto dela. – fechei os olhos sentindo a brisa fria tocando o meu rosto –
Acho ela falsa.
John
não me respondeu, apenas deu um leve e suspiro.
Depois
de longos minutos, ele finalmente quebrou o gostoso silêncio que ali pairava:
–
Vamos, amanhã eu vou te acordar cedo.
–
Não se preocupe – dei um risinho –, estou acostumada.
Abrimos
as nossas asas, brancas e afiadas, e alçamos voo.
John
me deixou no templo onde eu residia com as minhas duas irmãs. Missy, a mais
nova, ela era um anjo, tinha apenas 10 aninhos, de aparência, é claro, pois, na
verdade, tinha 58 anos. Ela tinha cabelos dourados como o trigo iluminado ao
sol, olhos azuis celestes como o céu e pele alva.
E
Kate, a mais velha, ela tinha a aparência de 25 anos, mas na verdade tinha
421, muito mais velha que eu. Ela tinha cabelos
ruivos avermelhados como os meus, curtos batendo no ombro e lisos, seus olhos
eram pretos como ébano, puxando ao nosso pai (o biológico), ela era um anjo
também. Eu e a minha mãe éramos as únicas da raça “arcanjos guerreiros”. Missy
e Kate tinham puxado ao meu pai, que era um anjo.
Assim
como todos os seres, obscuros e da luz, nós controlávamos algo, por exemplo: eu
controlava a eletricidade, Missy controlava os animais, Kate era da espécie
“anjo raio”, os mais rápidos de todos.
Minha mãe controlava o fogo e o meu pai madeira.
–
Ju! – Missy pulou em meus braços quando adentrei no templo – Você demorou hoje!
A gente nem pode brincar! Mas amanhã nós vamos brincar, não é?
–
Não vai dar, Missy. Eu vou estar ocupada, depois nós brincamos, sua sapeca! –
comecei a fazer cócegas nela. – Agora vai dormir, anda vai.
–
Não quero – ela falou quase sem ar.
–
Então eu não vou parar de fazer cócegas! – comecei a fazer mais e mais cócegas
na Missy, até que Kate entra com um semblante sério e nos olha.
–
Missy vá dormir, por favor.
–
Só mais...
–
Nem um minutinho, Missy. Juno e eu temos que conversar. – Mssy fez uma cara
triste e correu para o quarto. – Me siga, Juno.
Apenas
assenti e a segui, andando pelo templo, até chegarmos ao jardim, que, na minha
opinião, era a melhor parte do templo.
Tinha
um caminho de pedras que levava por entre várias rosas, orquídeas, bromélias,
margaridas, entre várias outras flores igualmente belas.
Um
cheiro doce invadiu as minhas narinas, levando um leve torpor por todo o meu
corpo.
–
Juno. – Kate me chamou, tirando-me dos meus devaneios – Você soube da reunião
de amanhã?
–
Sim, John me avisou.
–
Eu... – ela abaixou a cabeça – estou angustiada. Não acho que isso vai dar boa
coisa.
–
Não seja boba, Kate. Ele nos
chamou. Não precisa se preocupar.
–
Eu sei, Juno. Só... esqueça, vá dormir, não quero mais conversar sobre isso. É
capaz de eu me irritar. – estremeci, não era bom mesmo continuar com essa
conversa. Sempre que Kate se irritava, ela tomava a sua verdadeira forma e,
bem... da última vez que isso aconteceu, ela destruiu dois templos e formou uma
cratera no chão, que até rendeu um bom lago à sereias.
–
Tudo bem. Boa noite.
–
Boa. – respondeu apenas isso e saiu andando.
Dessa
vez fui direto para o meu quarto. Coloquei a minha camisola, tomando cuidado
com as minhas asas e me deitei, fui tomada pelo sonho imediato.
Acordei
com os primeiros raios de sol invadindo o meu quarto. Bocejei e me levantei.
Abri os meus olhos e o sol os castigou.
Me
arrastei até o banheiro e me olhei no espelho. Os meus olhos azuis celestes
estavam cansados e assustados como nunca estiveram antes. O meu cabelo fogo
estava desgrenhado e embaraçado. E eu estava pálida, mais pálida que o normal.
Suspirei,
coloquei as mãos em forma de concha, peguei uma quantidade considerável de água
e joguei no meu rosto. Despertei por completo.
Voltei
para o quarto e encontrei minha roupa limpa, passada e dobrada em cima da minha
cama. Kate era como uma mãe para mim, mas eu já era grandinha demais para isso,
“não sou uma bebê, Kate!”, era o que eu queria gritar, mas depois deu outro
longo suspiro e comecei a me vestir.
A
roupa era composta por uma blusa social branca com listras cinzas, calça skinny
cor de pêssego e um tênis preto. Pois é, nós usamos roupas de humanos.
Desci
e encontrei Kate conversando com John, vez ou outra eu ouvia ela dizer “cuida
dela”, “não tente nenhuma gracinha” ou “depois quero saber os detalhes”.
Revirei
os olhos, minha irmã era bipolar.
–
Ei, Juno! Vamos? – percebi que John estava tentando se livrar de Kate e ri.
–
Já vou. – dei um risinho e o abracei.
–
Cuidado, tudo bem, Juno? – assenti – E ainda acho que isto não dar boa coisa.
Enfim, vão lá, ou chegarão atrasados.
–
Tudo bem, tchau, Kate! – me despedi.
Eu
e John abrimos as nossas asas e alçamos voo. Voamos por alguns minutos, até que
John quebra o silêncio.
–
Venha, é ali. – ele apontou para uma luz branca no meio de um lago.
–
Um portal?
–
Sim.
Nos
preparamos e fomos rápidos em direção ao portal, parecíamos dois falcões em
direção a presa.
Atravessamos
o portal e pousamos do outro lado.
Estávamos
em uma sala totalmente branca. Olhei ao redor e vi vários outros seres da luz.
Anjos celestes, anjos raios, dríades, ninfas, entre outros.
Percebi
a tensão e realmente pensei sobre o que Kate havia dito, eu comecei a ficar com
mal pressentimento.
–
Não estou gostando disso, John. – comentei baixinho apenas para ele ouvir.
–
Nem eu. Isso parece até uma premiação humana, quando eles esperam para ver quem
ganha o que. – balançou a cabeça.
Um
homem totalmente de preto entrou na sala e anunciou:
–
Arcanjos guerreiros, apresentem-se!
John,
Madison e eu nos postamos à frente.
–
Vocês serão os primeiros a entrar na sala para a grande “reunião” com o Pai.
Madison
deu um risinho e murmurou para si: “o que será que ele vai aprontar dessa vez?”
Fiz
outra careta, quem era ela para falar assim do Criador? Francamente.
De
repente, uma grande porta de abri por detrás do homem de preto e uma luz
ofuscante nos cega por míseros segundos, depois some.
–
Podem entrar. – ele anunciou e desapareceu.
Entramos
hesitantes e encontramos um gigantesco trono no meio do salão, agora não
totalmente branco, mas com cores fracas, tipo o tom pastel. Não conseguíamos
ver Deus, mas sabíamos que ele estava ali, a presença dele era notável.
Todos
os seres da luz entraram e logo formaram fila. Todos estavam cochichando, menos
John, Madison e eu.
Porque
se eu conversasse com John, era capaz do mesmo me cortar dizendo que era para
respeitar o momento e, de jeito nenhum, eu trocaria alguma palavra com Madison.
A
outra porta se abriu e logo sentimos uma aura negra invadir o local.
Os
seres obscuros entraram. A maioria desleixada e com sorrisos cínicos, outros
mais acanhados e encolhidos, pareciam temer a nossa presença.
À
frente de todos, encontrava-se uma garota e um garoto.
Ela
tinha cabelos louros que iam até o meio das costas e seus olhos eram de um azul
esbranquiçado intenso. Ela deu uma olhada de esguelha para nós três e eu
estremeci. Seu olhar demonstrava raiva, ódio, fúria.
O
garoto tinha cabelos pretos desgrenhados, parecia não ligar. Seus olhos eram
azuis e mostravam ironia. Ele deu uma olhada para a gente, como a garota, e
sorriu, cínico. Madison trincou os dentes, parecia que não tinha ido com a cara
dele, concordei com ela, por algum milagre.
Desviamos
os olhares. A tensão e a raiva de ambos os lados eram notáveis.
Alguns
seres da luz olhavam com raiva para os seres obscuros como se fossem ataca-los
a qualquer momento, o que era possível, e não ficavam para trás. Só que os
olhares que os seres de Lúcifer mandavam eram medonhos, parecia que tinham sido
treinados para aquilo.
Um
homem totalmente arrumado, de terno e paletó, entrou na sala e parou no meio de
nós e dos seres das trevas.
–
Eu serei o porta-voz de Deus. – anunciou com a voz grave, tossiu fracamente e
continuou: – Hoje, estamos aqui reunidos, pois, cansado de todas essas brigas,
Deus propôs uma trégua.
Os
seres obscuros começaram a rir como se ele estivesse contando uma piada infame.
Talvez estivesse mesmo, nem eu duvidava. Uma trégua? Não, aquilo não podia ser
verdade.
Quando
os seres das trevas pararam de rir, o homem prosseguiu:
–
Enfim, ele criou um colégio. Este colégio está no mundo dos humanos, mas eles
não podem vê-lo, é claro. E ele quer que todos vocês, sem exceção, estudem lá.
Foi
a vez dos seres da luz rirem. E John se pronunciou:
–
Está fora de cogitação.
–
Não queremos a sua opinião, “anjinho”. – aquele garoto que estava à
frente debochou. – Apenas cale a boca.
–
Como ousa, seu... – John ficou irado e avançou, tentei impedi-lo, mas ele foi
mais forte e me empurrou para o lado – Vou acabar com você.
–
Sério? Eu pensei que você ia dizer “bons sonhos, sonhe com os anjinhos”, que
ironia, não?
Foi
a gota d’água. John começou a assumir sua verdadeira forma. Seus olhos ficaram
roxos e as suas asas pretas com mesclas de azul.
O
garoto também começou a se transformar. Seus olhos ficaram laranjas, asas de
morcego brotaram de suas costas e nasceu-lhe um rabo preto.
Eu
sabia que se aquilo não parasse ali, a coisa ia ficar feia, parece que a garota
loura me compreendeu, já que apenas assentiu, como se dissesse “sim, os dois
vão se matar se nós não pararmos.”
–
Madison não fique aí parada! – ralhei para Madison que parecia se divertir com
a cena.
–
Oras, e por que? Isso é ótimo. – riu.
John
sacou a sua espada. Ela era de prata ornamentada com detalhes em ouro. O garoto
sacou outra espada, ela era totalmente preta e tinha algumas joias cravejadas,
como a minha.
Ele
sorriu cínico. John mostrou os dentes. Eles logo iam atacar, mas eu sabia que a
minha forma normal não conseguiria arrancar uma mísera pena de John. Comecei a
tomar a minha forma verdadeira.
Meu
cabelo ficou branco e cresceu até a altura das minhas coxas, os meus olhos
ficaram totalmente vermelhos e as minhas asas ficaram pretas com mesclas de
dourado.
A
loura também tomou a sua forma verdadeira. Seus olhos ficaram rosas, nasceu-lhe
um rabo dourado e as asas de morcego.
Ao
mesmo tempo que os garotos avançaram, nós também avançamos, nesse meio tempo,
saquei a minha espada e a loura duas adagas.
Eu
e a loura nos aceleramos e de repente, ouve uma explosão de luz e fumaça.
Quando
a poeira baixou, eu me encontrava com a minha espada parando a de John e com a
minha mão segurando o seu rosto.
A loura havia chegado por trás do outro garoto.
Ela pisava em sua espada, enquanto colocava uma adaga presa no seu pescoço e a
outra pronta para atacar.
O
garoto riu.
–
Você é sempre delicada, não, Ada? – ele voltou a sua forma normal, assim como
todos nós. John deu um último olhar fuzilante ao garoto e saiu andando, para
parar ao lado da Madison. Fiquei olhando-o, do mesmo lugar onde eu havia o
parado.
–
E você é sempre provocador, não sabe parar de ser cínico, Scott? – então o nome
da garota era Ada e o do garoto era Scott? Bom saber, bom saber.
–
Você é bem idiota, não é, Scott?
– falei o nome do garoto com deboche, olhando-o.
–
Não mais que você. – retrucou.
Suspirei,
eu não iria cair nas provocações dele, então apenas comecei a andar de volta ao
meu lugar.
–
Ops, te magoei? – perguntou rindo.
–
Não, – respondi – apenas não me baixarei ao seu nível por apenas uma resposta.
Parece
que essa também atingiu John que me olhou com raiva. Ora, o que esse garoto
tinha hoje?
–
Bom... – o homem prosseguiu como se aquela briga não tivesse ocorrido. – Na saída
vocês receberão os horários e o local do colégio. Ah, e antes que eu me
esqueça, lá tem dormitórios, mas não se preocupem em levar nada, a menos que
seja necessário. Até amanhã.
E,
de repente, eu e John nos encontramos à margem do mesmo lago onde havíamos
visto o portal.
Me
levantei e encontrei um folha jogada no chão ao meu lado, a peguei e vi que
eram os horários, local e o resto das informações desnecessárias que eu não
tinha a mínima vontade de ler, no momento.
Apenas
saí andando enquanto John segurou o meu braço.
–
Me desculpa, Juno, eu fiquei com raiva... não queria que você tivesse se
transformado... eu...
Desvencilhei-me
dos seus braços e alcei voo, no final das contas, eu acabei me lembrando dos
meus pais.
Cheguei
ao meu templo e adentrei na sala, Kate me aguardava ali.
–
O que houve? – apenas lhe entreguei o papel e ela passou os olhos rapidamente
pelo papel – É por isso que você está com essa cara?
–
Não – respondi.
–
Então é pelo que?
–
Kate eu... tive que me transformar na minha forma verdadeira. – as lágrimas já
rolavam pela minha face quando Kate me acolheu em um abraço apertado.
–
Não pense nisso...
–
Como não, Kate? – eu chorava mais e mais – Eu matei a mamãe e o papai! Eu nunca
vou me perdoar por isso... por que eu não fui para o inferno, Kate? Por que?
–
Você é uma pessoa boa.
–
NÃO SOU! – berrei, mas ela nem ligou e me apertou mais ainda.
–
Sim, é sim.
–
Não, eu não sou... eu sou má, Kate... eu deveria ter ido para o inferno...
Fiquei
repetindo isso até que peguei no sono, que foi recheado de pesadelos, é claro.
E aí está, povo. Bom, se não ficou claro: O Scott é representado pelo Logan Lerman, o John é representado pelo Liam Payne, a Juno é representada pela Bonnie Wright (atualmente) e a Ada é representada pela Jennifer Lawrence.
A Ada pode aparecer escassamente no começo, mas, mais adiante, ela será essencial para a história. E eu já vou dar uns spoilers sobre esses quatro personagens principais: O Logan controla a água, é príncipe dos demônios e melhor amigo da Ada. O John controla a invisibilidade, é um arcanjo guerreiro e um amigo antigo da Juno. A Ada controla o dom da vidência e é melhor amiga de Scott, e Juno controla a eletricidade, é arcanjo guerreiro e é uma antiga amiga do John. Eu estava aqui, pensando, "por que eu não posto um "bônus" falando sobre as histórias dos personagens?". Mas isso fica a critério de vocês nos comentários! Até lá, pernilongos de morango!
Ficou muito divo, Ana. Qual é o nome do curso, é sério, me conta!!! Eu preciso saber!!!
ResponderExcluirObrigada, mas eu não fiz curso algum, Gabi '-'
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