11.09.2013

Aquela Coisa - Capítulo um

- Um aluno especial

      

Finalmente o inverno havia chegado aqui na minha região, a seca já estava afetando a minha cidade, o que meu preocupava. Minha casa parecia uma caixinha de fósforo, cinco cômodos bem apertados, mas confortáveis. Era normal chover e fazer um pouquinho de frio, mas hoje, o frio estava fora do normal. E foi então que eu descobri o motivo do frio que me fez ser obrigada a vestir meu moletom que cheirava a mofo. Jack Frost, meu mais novo amigo. Estava lendo um livro no qual acabara de ganhar quando escuto um barulho estranho. Olhei para a janela e lá estava ele, tocando em minha janela e fazendo desenhos de gelo no qual iriam derreter quando o sol aparecesse.
– Gostou da minha surpresinha? Já que você me pediu tanto o frio resolvi realizá-los. Não pude trazer neve, pois não seria nada normal por aqui, mas com a ajuda das fadas da água trouxe chuva e um vento frio que eu realmente espero que dure durante todo o inverno.
– E quero que você saiba que se fazer nevar eu irei te matar. -Ri assim que fechei meu livro e guardei no devido lugar. - A propósito, minha mãe está na assistindo televisão e ver que estou falando sozinha acharia que eu estou louca.
– Não está falando sozinha, está falando comigo!
– E você acha que ela te vê? Sinto muito te dizer isso mas ela não é mais uma garota de doze anos assim como eu. -Novamente ri.
– Achei estranho, de uma hora para outra eu era invisível pra você, agora você conversa comigo toda vez que me ver.
– Um desejo realizado, talvez...
– Esse seu papinho tá muito estranho, viu. Você não era misteriosa quando eu te observava. -Quando percebeu o que falou, tampo a boca.
– Então quer dizer que Jack Frost me observava? Me conte o que você sabe sobre mim...
– Bom... Eu sei que quando está enchendo sua garrafinha d'água você bebe um gole antes de tampá-la para ver se não está com um sabor estranho. Sei que passa o dia todo olhando para um garoto no qual você insiste ser parecido comigo. Sei que não gosta de quando seu cabelo está na frente de seus olhos, te incomoda. Sei que quando está escrevendo algo no computador, digita apenas com os indicadores, o que acho engraçado algumas vezes.
– Ah é? Interessante... Conte-me mais!
– Quer mesmo saber mais do que eu sei sobre você? -Assenti e ele suspirou. - Sei que não gosta de creme de cabelo em suas mãos, sempre pede para alguém passar o creme para você se pentear sem que a escova escorregue de suas mãos e acabe quebrando o espelho preferido da sua mãe.
– Me lembre de uma pessoa agora. -Jack riu e continuou falando.
– Também sei que você não gosta de ser incomodada quando está relaxando. Sei que ama cheetos e coca-cola. Falando nisso, já comi isso uma vez, roubei da sua casa. -Provocou.
– Você oque? -O olhei feio e o mesmo riu.
– Vi você comendo tantas vezes com sua prima que acabei querendo experimentar. Mas aí eu roubei de um supermercado qualquer e coloquei no lugar para que você não percebesse.
– Acho bom mesmo você saber que não gosto que toquem nas minhas coisas quando o assunto é comida. -Ele sorriu de canto e saiu da janela que estava até então, vindo diretamente para minha cama, onde se deitou.
– Sua cama é bem confortável, poderia me deitar aqui enquanto você dormi.
– Você é um idiota sabia? -O empurrei, o que fez ele cair no chão. - Jack? Você ai estar no meu aniversário de treze anos? -Perguntei.
– Aquele bolinho pequeninho que vão fazer pra você? Mal posso esperar para ver você ficar vermelha quando cantarem:Com quem será... Com quem será... Com quem será que a Blair vai casar? Vai depender... Vai depender... Vai depender se o Jack vai querer. -Ele cantarolou enquanto se equilibrava em seu cajado.
– Seu burro, a maioria nem vai te Ver! -E como previsto por ele, eu corei, mas não na hora em que ele disse que coraria. - E eu nunca me casaria com você.
– Nossa, essa doeu no coração. -Riu enquanto eu revirava os olhos. - Mas agora é sério. Amanhã de manhã, você terá uma surpresa. -E assim que ele terminou de falar, ele saiu pela minha janela fazendo um vento frio.
O que ele iria aprontar dessa vez? Apensar dele ser um guardião, ele não era responsável como os outros, como ele mesmo de disse. Só tenho medo que a surpresa de amanhã vire uma confusão.
Manhã seguinte...
As palavras de Jack não saíram da minha cabeça durante um bom tempo. Estaria ele pensando trazer neve para um lugar no qual todos acreditam ser impossível de nevar? Pra ser sincera, eu não sei. Coloquei os livros em minha mochila e logo depois coloquei a mesma em minhas costas. Todos os dias de aula, sempre ia com a minha mãe, e eu gostava de uma boa companhia.

          – Feliz aniversário minha menininha estranha. -Disse minha mãe dando-me um abraço.
– Obrigado, mamãe! -Retribui o abraçando com um sorriso. - Agora é só aguardar o que me espera...
– O que quis dizer com isso? -Estranhou um pouco, o que me fez perceber que pensei alto, alto até demais.
– Não é nada, é que um amigo meu disse que vai fazer uma surpresa pra mim hoje. -Dei um sorriso fraco. Mas o motivo era que eu sabia que Jack poderia fazer uma grande confusão hoje. Foi então que eu o vi pela janela da sala de estar espionando eu e minha mãe, e, ao perceber que eu o via, se escondeu.
– Amigo? E que amigo é esse?
– Um... Amigo. Quem sabe um dia a senhora não o conhece?

Minha mãe apenas deu um sorriso e enfim abriu a porta para sairmos de casa. De longe, pude ver Jack voando em direção a minha escola, mas o que ele iria fazer por lá? Bom, minha escola não era longe, era apenas dois quarteirões e meio até chegar lá. O que demorava cerca de três a cinco minutos para chegar. Minha mãe deu um beijo na minha testa e me mandou ter cuidado o resto do caminho, o que eu achava exagero já que com vinte passos eu já estaria dentro da escola. E quando cheguei perto da minha classe, vi Selena conversando com um de nossos colegas, eles estavam rindo.

       – Qual é a graça em? -Perguntei assim que me aproximei dos dois. O garoto no qual ela estava conversando era Victor.
– Já viu o garoto novo que vai estudar na nossa sala? Ele tem um cabelo muito estranho. -Comentou Selena.
– É verdade. Ele é um pouco branco, mais branco que o normal e tem os cabelos brancos também. Mas isso é o de menos, ele está andando com um moletom num calor de hoje. Ok, choveu muito ontem, mas hoje tá fazendo um calor enorme. O que ele tem na cabeça de usar um moletom num calor desses?
– Espera! Cabelos brancos? Seus cabelos são... Brancos? -Gritei um pouco, já imaginando quem seria. - Algum dos dois pode me responder?
– Sim, cabelos brancos. O corte de seu cabelo m lembra um certo alguém, e você sabe muito bem quem é. -Novamente Selena falou, olhando para o caminho da sala do diretor onde o suposto aluno esta.
Jack Frost!

       O sinal acabara de bater, fazendo alunos e professores irem para as salas. Neste exato momento, seria aula de português, o que era completamente chato. Sentei em meu devido lugar e coloquei meus óculos no qual uso desde os onze anos.

         – Ah, quase ia me esquecendo. Feliz aniversário, Blair! -Selena me abraçou e sentou-se na carteira ao meu lado. E no mesmo estante em que ela sentou, o professor chegou na sala acompanhado de um garoto no qual não consegui reconhecer.
– Alunos, temos um novo aluno em nossa classe. Por favor, se apresente a todos Jack Frost!–E então Jack apareceu na sala, mas como todos estavam conseguindo ver ele?
– Surpresa! -Falou Jack o que fez algumas pessoas o olharem confusas. - Prazer a todos vocês. Em primeiro: Prometo fazer de tudo para ir para o nono ano. Em segundo: Olá Blair! -E diante de quarenta alunos, eu era a atração. Todos os olhares vieram até mim.
– Jack Frost? Espera, Blair me dá seu braço. -Falou Carla estendendo a mão para pegar meu braço.
– O que? Não. Pra que você quer meu braço? -Carla revirou os olhos.
– Pare de reclamar e me dê isto! -E então ela puxou meu braço, examinando minha tatuagem de caneta quase apagada com o nome Jack Frost. É, eu gostava de escrever nomes em meus braços. - Então aquele é Jack Frost. Que interessante, parece que Blair está caidinha por ele. -Falou Carla super alto, fazendo todos rirem e me olharem com sorrisos maliciosos.
– Oque? Não. Não quer dizer que eu escrevi o nome dele em meu braço que possa estar gostando desse idiota. -Olhei para Jack que contia um sorriso nos lábios.
– Oh mas é uma pena! Pois se fosse verdade você estaria sendo correspondida. -E novamente os olhares vieram até mim, até mesmo do professor que ria um pouco da ocasião. E pela segunda vez na semana, eu fiquei corada.

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