Aquela Coisa - Capítulo sete

- Conversando com Wally

      Jack estava muito irritante de umas horas pra cá. Baixei o Skype para o notebook e foi aí que eu lembrei. Eu sou uma burra! A verdade é que eu não lembro da minha senha, eu havia trocado ontem mas eu me esqueci, novamente. Tive que entrar pelo meu facebook e, assim que entrei meio mundo veio falar comigo.

      - Nossa, o que toda essa gente quer com você? –Perguntou Fada.

     - Tirar o resto de sossego que eu tenho. Mas infelizmente a única pessoa no qual temos que falar está off-line. –Bufei de raiva e os Guardiões me olharam. – O que foi?

      - Tem certeza que esse seu amigo é confiável? –Perguntou Norte.

      - Não! –Eles arregalaram os olhos. - Pra ser sincera eu não confio ele pra quase nada. Mas ele é o nerd então... Não tenho outra opção a não ser pedir pra ele fazer esse vírus.

      - E ele pelo menos vai entrar nessa coisa que você chama de rede social hoje? –Gritou Jack. Olhei pela décima vez para o seu nome que acabara de ficar com uma bolinha verde.

      - Acho! –Disse logo depois de todos perceberem que Wally havia entrado em sua conta no Skype, ou se preferirem Skype-facebook como eu mesma chamo.

      Liguei a webcam e o chamei para uma conversa em vídeo. Wally demorou uns cinco minutos para atender e quando atendeu, estava com o cabelo bagunçado e com o rosto molhado por leite. Ele não percebeu que eu estava vendo ele brigar com a irmã que havia derramado o leite nele, o que me fez rir.

      - Wally, a quanto tempo não nos vemos?

      - Acho que é desde hoje de manhã na escola quando você me apresentou aquele garoto do cabelo branquinho e ele quase me matou quando eu disse que um dia a gente namoraria. Na brincadeira, é claro.

      - Ah, sim. Eu me lembro! Bom, não é disso que eu quero falar com você. O assunto é importante e não temos a noite toda.

      - Nossa, nunca te vi falando tão sério como hoje.

      - Quantas vezes vão falar isso pra mim hoje? Bom... Patrick...

      - É Wally!

      - Que seja! Eu preciso que você crie um vírus para seis celulares que eu vou te dar o número...

      - E como quer que seja o vírus?

      - Posso continuar? Bom, é para ligarmos e mandarmos mensagens um para o outro sem ter que pagar nada. É simples e bobo, eu sei. Mas é importante até um certo problemão acabar!

      - Tentarei fazer o que você pediu. Mas tudo tem um preço, certo?

      - E o que você quer em troca?

      - Quero seu CD do One Direction emprestado!

      - Está louco? Eu amo aquele CD e você é um irresponsável e pode quebrar o CD e não a capa como eu já quebrei. Sem chance! Peça outra coisa!

      - Ok. Sem CD, nada feito!

      - Tudo bem, eu te empresto! Mas se algo acontecer com o meu precioso se considere um homem morto, Wally Patrick!

      “Isto se você for realmente homem” Pensei. Saí da chamada e fiquei aguardando enquanto ele faria o vírus. Olhei para os guardiões e os mesmos tinham uma aparência surpresa. Bom, Jack tinha.

      - Vai mesmo emprestar o CD do One Direction a ele? –Jack perguntou.

      - Se não fizer isso é capaz dele deletar o vírus dos celulares que conseguimos. Bom, o que vamos fazer enquanto esperamos que o Wally faça aquela coisa que chamam de vírus? –Perguntei para os Guardiões.

      - Acho que me ajudar a pintar uns ovos de páscoa seria uma boa distração. –Coelhão comentou.

      - Acho isso muito... –Interrompi Jack antes mesmo de ele começar a falar alguma coisa.

      - É perfeito! Melhor do que olhar para luz colocando um dedo no canto do olho e dizer que vê duas lâmpadas. –Fiz uma careta ao lembrar da última vez que fiz isso com meu pai enquanto estávamos sem internet.

      - O dedo no canto do olho? –Repetiu Fada. – Que coisa estranha para uma garota do seu estilo fazer.

      - Eu disse, a Blair é a criatura mais estranha que eu já conheci em toda a minha vida! -Jack disse enquanto se apoiava em seu cajado.

      - Bom, pelo que eu saiba, não sou eu que apareço do nada em uma escola pública com moletom num dia com quase trinta e oito graus de temperatura. –Cruzei os braços e olhei para Jack um pouco séria.

      - Ok, não foi o melhor jeito de eu fingir ser uma pessoa normal durante um ano. Mas para a sua informação, essa é a única roupa que eu tenho!

      - Vou te levar num shopping pra você comprar roupas para o calor. Você não pode passar o dia com uma roupa só e ainda ter fama de que não toma banho.

      - Porque teria essa fama?

      - Jack, você tá com a mesma roupa a quanto tempo? Mais de trezentos anos. Acho que está na hora de você mudar seu visual. Faz um topete, pinta o cabelo de loiro...

      - Quer que eu fique parecendo o Niall Horan, é isso?

      - Talvez! Vocês tem uma semelhança grande. Não tão grande, mas são parecidos.

      Jack Revirou os olhos e balançou a cabeça negativamente. Peguei o notebook e os celulares que estavam em cima da mesa do Noel. Iríamos para a toca de Coelhão, ajuda-lo a colorir ovos de Páscoa por conta que a comemoração estava chegando. Faltava apenas alguns meses.

      - Sabe o que seria divertido? O Coelhão descobrir que o Natal é bem melhor que a Páscoa.

      - Pelo menos eu tenho uma comemoração, o meu dia! E você? Não tem uma data específica para agradar as crianças.

      - Isso é porque eu não preciso de uma data. Apenas alguns meses de neve já as agradam e fazem elas acreditarem em mim!

      - Wou! Parou essa infantilidade aqui! –Gritei, fazendo olhares curiosos se direcionarem a mim. – Canguru, bate logo essa pata no chão que eu quero fazer algo sem ser ver vocês dois discutindo.

      - Vejo que me enganei sobre você! Você é igualzinha ao Jack!

      - Vou encarar isso como um elogio!

      Coloquei as mãos em minha cintura e esperei o mesmo abrir um túnel para sua toca. O que eu menos esperava era que o túnel abrisse mesmo em baixo de meus pés, fazendo-me cair no chão duro do buraco que o Canguru insiste em chamar de Toca. Me levantei e coloquei o notebook em uma pedra. Assim que coloquei, recebi uma mensagem no Skype.

Não demorou muito para fazer! Agora, poderia me passar os números dos seis celulares? Rápido! Meu pai está estranhando o fato de eu ter trancado a porta do meu quarto. Ele não pode saber que eu sei criar vírus.

PS: Amanhã eu quero ver você com esse CD da 1D. Quero ver se existe música melhor que More Than This.

      Ele ainda está com essa história de CD na cabeça. Revirei os olhos e respondi:

Ok, Botox! Os números são XXXX-XXXX, XXXX-XXXX. XXXX-XXX, XXXX-XXXX e por fim, XXXX-XXX. E seja rápido! Não tenho a noite toda, ainda tenho um compromisso em uma cidade um pouco longe da que moramos.

PS: Cuidado com meu CD lindo e maravilhoso! Caso contrário, veremos se você é homem de verdade.

      O mesmo respondeu que iria colocar o vírus, mas garantiu que isso não faria nada de ruim com os celulares. Nerd, Wally Patrick, é um nerd! Na toca dava para ver a lua perfeitamente. Hoje, era lua cheia. Daqui parecia tão grande e tão brilhante, mas de minha casa quase não consigo vê-la assim. Olhei para o lado e vi Jack sentando-se ao meu lado.

      - Quer bater um papo? Enquanto o tempo passa sabe, ainda faltam dez minutos para ás sete. –Ele disse olhando para mim.

      - Jack, posso admitir uma coisa? –Ele assentiu. – Desde quando eu vi Breu pela primeira vez, eu senti medo. Senti medo de algo de ruim acontecer e não podermos fazer nada. Agora, ele tem cúmplices. E pelo pouco que vi, elas devem ser pior que ele.

      - Não vou deixar nada de ruim acontecer. Afinal, por ser uma pessoa comum, ele quer que você sinta medo. E você quer ser a isca perfeita para ele me destruir? –Neguei com a cabeça. – Então não sinta medo! Eu prometo que irei te proteger até o fim de sua vida!

      - Mal fiz treze anos e já está pensando em minha morte, Jack Frost? Mas que melhor amigo é esse que eu tenho?

      - O melhor amigo que é louco por você! –Disse baixo, bem baixo, mas eu tenho bons ouvidos e consegui ouvir.

      - Você disse oque? –Queria que ele repetisse. Sei que parece estranho mas, me senti feliz quando ele falou isso. E eu queria que ele repetisse novamente.

      - O que? Ah... Nada! Eu não disse nada!

      - Vou fingir que acredito, Jack!

      E logo após pronunciar essas palavras, os celulares apitaram informando que uma ameaça havia sido detectada. Ao ver, era o Wally que tinha mandado uma mensagem para um dos celulares dizendo que havia enviado. Por irônia ou não, o celular em que ele enviou era o que Jack estava.

      - Então, vamos para casa ou vamos passar por aí?

      - Passear. Chega de ficar trancada dentro daquela casa com a bunda grudada em uma cadeira em frente ao computador. -Todos iriam. - O que foi gente? Falei alguma coisa engraçada?

      - A questão, é que você deveria ter o emprego de comediante. Sabia que... Eu também poderia ter o emprego de comediante? -Disse Jack. - Eu tenho a estranha habilidade de cantar Pinheirinho de Natal com peidos!

      - Jack, pelo amor que você tem a todas as crianças, não faça isso!

      Disse um tanto desesperada. Jack riu e me colocou em seu colo, pela centésima vez hoje. E então ele voou, chamando seu vento para nos levar sei lá pra onde. Pelo que percebi, não estávamos no Brasil, já que o local onde ele estava me levando estava nevando. No Brasil é que não era, estava verão e é raro nevar no Sul.

      - Quero que você conheça um amigo meu, creio que você já deve ter ouvido falar dele! –Ele parou mesmo em cima de um Torre. E, logo depois de pronunciar essas palavras, Jack olhou para o Norte e sorriu sapecas. Ele estava querendo me assustar, ele sempre dá esse sorriso quando deseja me assustar. – Ei vento! Me leva até o Jamie!

      E como esperado, Jack invocou uma corrente de vento que nos levou para o norte da cidade em que estávamos. Mas dessa vez, ele não me segurou nem nada, deixou com que o vento me levasse e ele se divertia ao ver meu desespero. Eu sentia que iria cair a qualquer momento e iria morrer, mais cedo do que o esperado. Ao perceber que eu estava indo mais pra baixo, me desesperei. Eu caia muito rápido e quando fechei meus olhos, senti minha queda sendo amortecida pela grande quantidade de neve que estava no local onde caí.

      - A próxima vez não faço isso, já que por aqui o inverno está acabando e não terei como amortecer você na primavera. -Jack disse, sem ao menos se importar em me ajudar a sair daquela quantidade de neve que estava sobre a minha cabeça.

      - Eu deveria te matar agora mesmo. Mas como você já está praticamente morto não tenho nada pra fazer, a não ser que te dê um murro nessa sua cara de embriagado que você diz ser a coisa mais linda que você tem.

      - Você tem olheiras e eu que pareço o embriagado?!

      - Isso são por causa da hora em que acordo. Sabia que eu sempre acordo cinco e quarenta da manhã para poder dar tempo para mim e minha mãe tomar um banho? Pra você é fácil falar, você não dorme.

      - Muito pelo contrário minha cara amiga mortal, agora que sou praticamente um humano normal como você, a diferença é que eu tenho meus poderes e você nunca teve... Eu agora sou capaz de dormir, embora para mim seja novo eu ainda não tive essa oportunidade.

      - Que bom que você consegue dormir super homem! -Ri ao me lembrar de tudo que acontecera em somente um dia. - Parece que esse é o dia mais louco da minha vida. Em apenas um dia eu vi Breu e suas novas cúmplices, fui até o Polo Norte, presenciei uma briga de você e a Selena, vi você tomar sorvete pela primeira vez e agora estou aqui, em uma cidade desconhecida por mim para poder conhecer o Jamie.

      - E por falar em Jamie, olha só quem veio sem mesmo eu o chamar. -Me virei e vi provavelmente Jamie, ele veio até Jack e o abraçou.

      - Então essa é a sua namorada, Jack?

      - Namorada? De onde você tirou essas ideias, Jamie? Céus, eu? Namorando essa aqui? Nem em meus sonhos.

      - Não foi isso o que me contou, Frost. Você me disse que traria hoje a sua 'namorada' para mim conhecê-la. E pelo que eu vejo, não tem outra garota por aqui, têm? -Jack olhou para o chão envergonhado e eu ri. - Parece que Jack Frost mentiu em relação ao ter uma namorada. -Jamie e eu rimos.

      - Então quer dizer que o cabelo branco te disse que tinha uma namorada? Isso é jeito de educar uma criança, Frost?

      - Primeiro: Eu não disse que namorada. Segundo: Não acha que ele está um pouco grandinho pra saber o que é o certo e o que é o errado? Terceiro e último: Você também é uma criança, não totalmente uma criança, mas ainda assim é uma criança.

      - Prazer em conhecê-lo Jamie. Jack me falou muito de você!

      - É, ele também fala muito de você. Mas então, vocês parecem preocupados. O que aconteceu?

      - Precisamos que você continue acreditando, Jamie. O Breu está de volta e dessa vez com companhia. -Ouvi a voz séria de Coelhão logo atrás de mim e de Jack. Mas porque ele simplesmente não ligou para um de nós dois?

Desculpe a demora, eu tava muito ocupada estudando para as provas que decidiriam se eu passava ou não. Mas todo o estudo não valeu nada para Matemática, acho que tirei nota baixa e se eu não me dedicar a uma amostra cultural eu estarei na recuperação. Então, eu só postarei hoje e amanhã e logo depois parar um pouco até o dia em que saberei se irei para o oitavo ano ou ficarei de recuperação. Então, até breve!

PS: O próximo capítulo pretendo deixar gigantesco, já que terá uma pequena batalha.