4.14.2014

Zombies - Capítulo 4

- Encurralados como ratos


– O que aconteceu, Catarina? – Sky perguntou ao longe. Não consegui responder, apenas observava aquela imagem horrenda enquanto gritos femininos ecoavam na minha mente. O que estava acontecendo comigo? Eu nunca pensei tanto na minha mãe. Eu era uma pessoa fria e calada, menos com Bianca e Alex, isso era estranho.
Desabei de joelhos no chão e abaixei a cabeça. Não, eu não podia chorar! Eu não fui treinada para aquilo.
Aqui, agora, caída no chão indefesa, as lágrimas desciam incontroláveis por minha face, a tristeza me vencia, soluços ecoavam agora no cômodo, onde Sky estava parada ao meu lado, chorando, mas eu acho que não queria demonstrar, já que havia se posicionado em posição fetal e tampado o rosto. Os soluços dela eram de pura tristeza, as minhas lágrimas eram de ódio. Eu me sentia culpada pela morte de Allie, era só queria viver para proteger a irmã. Eu teria me sacrificado no lugar dela, o que eu perderia? Meu pai? Não, acho que ele ficaria melhor sem a minha presença.
Agora, já levantando e voltando a ver a cena, que havia mudado um pouco, já que Daniel havia posto fogo no corpo de Allie e Ross abaixava a cabeça e falava algo incompreensível pela distância, eu podia até ouvir.
Ouvir o que? A dor, o sofrimento, pânico. O que será que Allie havia passado?
Eu até me lembro de um dia, quando eu estava conversando com Bianca. Havia acabado de conhece-la, ela fez uma cara triste e já ia indo embora quando a parei. “O que foi? Eu disse algo que te magoou?”, ela sorriu bobamente e depois olhou para o chão, “quando as pessoas ficam próximas demais à mim, é o mesmo que pedir para se machucar”.
Acho que aquela frase só se aplicava a mim.
Minha mãe morrera, meu pai sofria e me culpava pela morte dela (não o julgo, até chego a concordar com ele em certo ponto) e agora, vendo o corpo de Allie sendo queimado e virar cinzas em frente aos meus olhos era demais.

– Catarina... – Sky se recuperou um pouco, apesar de sua voz falhar e o seu rosto estar todo vermelho – Precisamos ir, antes que os garotos vão embora, aliás, aquelas chamas vão chamar a atenção de outros zumbis.

Me levantei, cabisbaixa e com o rosto igualmente vermelho, a morte dela não seria em vão. Eu não deixaria.

– É verdade. Allie não gostaria que ficássemos aqui, chorando. Eu até imagino o que ela falaria.
– “Vocês são tão fracotes a ponto de chorar por isso? Ah, vão lá e acabem com aquelas pestes”. – Sky sorriu minimamente e eu assenti.
– Chorar é uma virtude. – aquele garoto de olhos azuis se meteu.
– Não em um apocalipse zumbi. – fui curta e grossa, já me virando em direção à porta. – Chega de sorrisos ou gracinhas. A escolha é de vocês: se sorrirem, será porque chegou a sua hora, se fizerem gracinhas é porque sabem que são tão inúteis, não sabendo fazer nada, e querem atrapalhar os outros que sabem fazer.
– Não seja tão dura, Catarina. – Sky me repreendeu, abrindo a porta e me olhando nos olhos. Suspirei, estava exausta. Esgotada.
– T-Tudo bem. Vamos logo.

Saquei a minha adaga e Sky pegou a pistola, recarregando-a e preparando-a.
Saímos na frente e depois fizemos um sinal indicando “tudo bem, passagem livre”. Um por um dos sobreviventes saíram do apartamento e fizeram uma massa de gente atrás de nós.
Fomos andando bem devagar, até que sinto um cheiro estranho. Era um cheiro muito ruim e forte. O corredor ainda estava claro, só que não ajudava.
Olhei para Sky e a mesma tampava o nariz. E fez um sinal de “X” com os dedos. Eu não entendi, obviamente, mas bem na hora que eu ia perguntar, algo me acerta tão forte que eu voo para trás, batendo na parede atrás de mim. Sinto algo quente escorrer por minha nuca e toco o local.  Era sangue.
Ouço vários tiros, mas sou incapaz de me mover e ajudar Sky, estava muito tonta e com o corpo todo dolorido.
Decidi abrir os olhos e pontos pretos e amarelos dançaram na frente deles. Às vezes minha visão escurecia e às vezes clareava.
Quando melhorei o bastante para conseguir me levantar e me manter em pé, olhei para frente.
Quase tive vontade de vomitar! A criatura com quem Sky lutava (ou tentava) era horrenda, a mais feia de todas que já vi.
Ele era um gigante, tinha uns 3 metros de altura, gordo e com vários buracos de tamanhos variados espalhado pelo corpo, por onde se passava um verme branco e gosmento. Estava totalmente nu, não tinha pele, e soltava sangue e pus para todo o lado. Tinha tufos de cabelo pelo corpo, não tinha nariz e nem orelhas, seus olhos eram apenas órbitas vazias e ocas, sua boca era grande e com dentes muito, muito afiados e meio esverdeados. Ele soltava uma gosma preta pela boca e que, quando tocava o chão, desaparecia e o chão fumegava. Aquilo era ácido?!
Peguei a minha adaga no chão e avancei, cambaleante.
Enfiei a adaga no peito da coisa e ela me olhou, acho que aquilo o deixou com mais raiva do que o machucou.
Ele levantou a mão, que eu percebi que não tinha dedos, eram apenas ossos amarelados, e avançou na minha direção. Desviei e por milímetros ele não me acerta. Caí ao lado de Sky.

– O que é essa nova coisa? – perguntou dando vários tiros na cabeça dela.
– A nova raça.
– Acho que vou ter pesadelos.
– Eu tenho isso todos os dias – respondi e avancei novamente, dessa vez acertei com a adaga na cabeça do verme, ele se contorceu todo e virou um líquido amarelo. A mutação urrou e caiu no chão. Ela foi encolhendo até que voltou a ser um zumbi normal. – Acabamos com esse, mas... foi até fácil.
– SAIA DE PERTO DELE, CATARINA! – Sky gritou e eu me afastei, logo ela se cobriu com a capa e eu fiz o mesmo. Senti um cheiro horrível, prendi a respiração, abri a minha mochila e peguei duas máscaras de gás. Coloquei uma em mim e joguei a outra em Sky. Ela fez um “o.k.”, agradecendo e eu sorri.
Descemos e quando chegamos ao térreo, Daniel e Ross apontavam uma arma para os sobreviventes. Tiramos as nossas máscaras e eu falei:

– Abaixem as armas, eles são os sobreviventes, Daniel, Ross.

Eles olharam para mim e abaixaram as armas.

– Catarina, Sky... – a voz de Ross falhava – Ainda bem que vocês estão bem...

Sky sorriu e logo se dirigiu ao fogo que ainda ardia bravamente onde era para estar o corpo de Allie, mas que só víamos cinzas, nada havia sobrado dela, a não ser aquelas malditas cinzas!
Senti uma pontada aguda atrás da cabeça, fiz uma careta de dor e coloquei minha mão no local. A pontada parou, por hora, e eu olhei a minha mão. Ela estava cheia de sangue.

– Catarina... – Sky se aproximou de mim e observou o meu machucado fazendo uma cara de reprovação. – Por que não me avisou desse machucado enquanto descíamos? Poderia ter sido grave!
– E não foi? – perguntei, fraca. Os pontos ainda dançavam à minha frente.
– Graças que não, foi apenas um corte. Um minuto.

Ela se abaixou, abriu a sua mochila e de lá pegou uma bandagem, sua garrafinha de água e um pouco de algodão.
Me virou de costas para ela, molhou o algodão com a água e limpou o meu machucado. Eu fazia caretas de dor e me contorcia toda. Daniel tentava prestar atenção no que estava fazendo, que era vigiar a área, mas vez ou outra olhava para mim e ria, Ross mal conseguia tentar prestar atenção no que deveria estar fazendo, que também era vigiar a área. Virei motivo de piada agora?
Quando terminou de limpar, Sky me virou novamente e começou a enfaixar parte da minha cabeça, a faixa passava pela minha testa e por parte do meu pescoço.

– Pronto. Terminei. – Sky falou. – Agora podemos ir.

Daniel estava imóvel atrás de uma pilastra.

– O que foi, Daniel? – Ross falou um pouco mais alto e Daniel fez uma cara de raiva e medo.
– Droga, Ross! – Daniel falou se afastando. – Recuar! Corram!

Os sobreviventes se desesperaram, Ross, Sky e eu corremos até onde Daniel estava e quase enfartamos.
Mais de sessenta zumbis vinham na nossa direção. Meus olhos estavam tão arregalados, mas não era pelos zumbis, não, eu já estava acostumada. Eu estava assustada com o que vinha à frente deles. Meus olhos estavam em chamas, não consegui pisca-los, eu estava imóvel e tremia loucamente, aquilo não era possível, eu havia matado ela!
Mas eu não poderia estar imaginando coisas, os outros também a viam, apesar de não saberem quem aquela mulher era. O que ela significava para mim, ou o modo como muitas pessoas diziam que ela se parecia comigo, com os seus cabelos ruivos, curtos e repicados, olhos meio esverdeados e meio azulados, que sempre sorria quando eu a chamava para me ajudar em algo relativamente inútil.
A segunda pessoa que eu mais amei e que talvez ainda ame. Juliana.  Minha irmã, morta.

– Vamos, Catarina! Não podemos acabar com tantos assim! – Sky me chamou e eu assenti, começamos a correr, tentando achar o resto dos sobreviventes.

Novamente, me desesperei. Na hora do pânico, os sobreviventes acabaram de separando, formando grupinhos pequenos ou até sozinhos!
Daniel, Ross, Sky e eu continuamos correndo. Estávamos exaustos, mas continuamos.
Depois de mais ou menos meia hora, paramos. A nossa respiração estava ofegante e estávamos empapados de suor.
Olhei o céu, daqui a pouco escureceria. Pelos meus cálculos, deveriam ser por volta das cinco e pouco da tarde. Paramos perto de um beco escuro, de lá ouvíamos choro e sussurros. Seriam os sobreviventes?

– Tem alguém aí? – perguntei, armando a minha adaga na direção da escuridão.
– São v-vocês d-d-da A-Alfa? – uma voz infantil perguntou, ela era bem familiar.
– Megan? – perguntei, receosa.

Logo seis pessoas do grupo de sobreviventes saiu do beco, dentre eles, Megan.
Logo os reconheci. Era Megan, o garoto de olhos azuis que ainda segurava sua arma, duas mulheres mais velhas, uma ruiva de olhos azuis e uma morena de olhos castanhos esverdeados, uma das armas biológicas, a garota de cabelos platinados, olhos azuis e forte maquiagem e o último, que era um garoto, tinha os cabelos meio acastanhados e repicados, e olhos cor de mel.

– Cadê o resto de vocês? – Daniel perguntou, e eu ainda mantinha o meu olhar fixo em Megan, que agora me abraçava.
– Não sabemos. – a mulher mais velha de cabelos ruivos respondeu – Nós nos separamos.
– Hum... – Sky pôs a mão no queixo, enquanto arqueava a sobrancelha olhando Megan – Não nos apresentamos ainda.
– Bom, é verdade. Me chamo Claire. – a mulher ruiva de olhos azuis falou, sorrindo amigavelmente. Ela se parecia muito com a minha irmã, só que mais velha alguns anos.
– Eu me chamo Phoebe. – a mulher de cabelos castanhos e olhos castanhos esverdeados sorriu, apertando as nossas mãos.
– Megan! – Megan exclamou e sorriu. Nós demos algumas risadas e prosseguimos.
– Eu me chamo Justin – o garoto de cabelos castanhos e olhos cor de mel falou, indiferente.
– Sou a Kim. – a arma falou, nos encarando.
– Eu me chamo Jake. – o garoto de cabelos repicados e olhos azuis falou, afagando a cabeça de Megan.
– Eu sou a Catarina. – falei sorrindo.
– Me chamo Sky.
– Daniel.
– Ross. – Ross sorriu fechando os olhos.
– Precisamos sair de Donksville. – falei e logo suspirei, triste – Eu nunca visitei esta cidade, bom, só uma vez, mas foi para buscar alimentos e eu estava acompanhada, aliás, estou perdida.
– Também nunca visitamos aqui. – Sky falou entortando a boca e apontando para Daniel e Ross, que assentiram.
– Eu só vim aqui duas vezes – Claire falou –, mas eu vinha visitar a minha mãe, que estava doente e, bem... ela morreu.
– Eu e Kim acordamos aqui, por acaso. – Phoebe se pronunciou e Kim assentiu.
– Eu já morei aqui por uns tempos. – Jake falou. – Faz uns dois ou três anos que não venho aqui, mudou muito.
– Eu moro aqui, ou ao menos morava. – Justin sacudiu a cabeça – Para onde vamos?
– Temos que voltar para a b... – mal pude terminar de falar, pois senti uma arma encostando levemente nas minhas costas.

Olhei de esguelha para trás e logo percebi algo muito ruim. Era um agente da D.C., pera, um não, vários. Todos apontavam uma arma para os sobreviventes e os meus amigos.
Os agentes usavam roupas de couro, eram das cores preta e verde, as cores da D.C., era por isso que eu os reconhecia sendo da Dead Corporation, já que as cores da Umbrella Corporation, ou U.C., eram branco e vermelho.
Eles usavam botas pretas, máscaras e estavam fortemente armados.

– Largue a arma! – avisaram, em uníssono. Receosa, larguei a minha arma, todos seguiram o meu exemplo e também largaram. – Agora, andando.

Começamos a andar vagarosamente, parecia que eles nem estavam preocupados de sermos atacados por zumbis ou mutações a qualquer momento, estavam... “normais”.
Continuamos andando, até que entramos em um tipo de beco, este estava iluminado, e havia um helicóptero lá.
Os caras nos empurraram e entramos, o meu único pensamento era “E os outros sobreviventes?”
Estávamos encurralados, sem nossas armas, algumas, pelo menos, sem o restante dos sobreviventes. “Encurralados feito ratos”, isto servia bem para o que eu estava sentindo.
O helicóptero estava meio escuro, e não tinha nada de especial lá, há não ser computadores.
Os agentes se aproximaram da gente, cada um traziam seringas.

– Quem tentar resistir, morrerá. – dito isso, eles injetaram os líquidos nos nossos braços. E logo que senti sono descobri o que era: um sonífero.



Bom, yo, povo! Estou aqui para avisar que dia 22/04 começam as minhas provas, e eu não poderei postar, e acho que nem a Luna e nem a Bianca postarão também. Enfim, espero que tenham gostado!

6 comentários:

  1. Primeiro: eu odeio provas.
    Segundo: amei seu cap.
    Terceiro: Vim dar um aviso: vou viajar dia 17/04 e só volto dia 21/04 ( á noite) e no dia seguinte terei provas, então ..... eu não vou ppder postar. Talvez eu poste dia 30/04 .



    Xoxo pioples
    By Luna Weasley.

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    1. ...... Era só criar um tópico, não precisava dar esse aviso no meu cap. ;-; Mas o.k., sua vaca que não me convidou pra sua casa outro dia (e estou nem aí se a sua mãe me odeia)

      Que bom que gostou do cap.!

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    2. Mi descanpe.
      Sori.
      ......hum.....o q eu ia dizer......ah lembrei.... vc sabia q a criatividade da Gabi foi pra Nárnia e não me chamou ..... vc acredita nisso Creuza!

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  2. Oi!
    Não sei se gosta de ler ou se tem tempo para isso mas um blog voltou ao ativo à algum tempo com uma nova história. Se gostar de ler e tiver tempo leia o blog por favor. E se gostar das histórias siga e comente. Vai fazer bem à escritora.
    dianaisabelpinto.blogspot.pt

    Obrigada desde já.

    Beijos.

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  3. Oie, acabei de conhecer seu blog, ele é tão legal! *-*

    Participa do concurso: http://uniaodoll.blogspot.com.br/

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